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Angola inaugura em setembro a primeira refinaria em 50 anos de independência

Angola inaugura em setembro a primeira refinaria em 50 anos de independência

Com inauguração adiada sucessivas vezes e pelo menos três anos de atraso, a refinaria de Cabinda tem conclusão prometida para setembro. Infraestrutura da era colonial continua a ser a única no país
Vista panorâmica da refinaria de Luanda, em Luanda, em julho de 2022. Foi então inaugurado pelo Presidente João Lourenço um novo complexo de produção de gasolina, um investimento de 220 milhões de euros da petrolífera estatal Sonangol. AMPE ROGÉRIO/LUSAAMPE ROGÉRIO/LUSA

O Presidente angolano anunciou neste sábado, na província de Benguela, a inauguração, em setembro, da refinaria de Cabinda, e a retoma “depois de muitos anos paralisado” do projeto de construção da refinaria do Lobito, cujas previsões de construção vêm do tempo do antecessor de João Lourenço na Cidade Alta – já em 2009, Manuel Vicente, então líder da petrolífera estatal Sonangol, assegurava que as obras no Lobito estavam no bom caminho.

Segundo João Lourenço, que discursava na abertura da 5.ª edição da Feira dos Municípios e Cidades de Angola, em Benguela, estas duas infraestruturas deverão tirar Angola da dependência da importação de refinados do petróleo, com destaque para o gasóleo e a gasolina.

A refinaria de Cabinda é uma importante infraestrutura para o desenvolvimento daquela província produtora de petróleo e do país em geral, afirmou o Chefe de Estado. Nos planos do país está também uma refinaria no Soyo, noroeste de Angola. Por enquanto, só a refinaria de Luanda, inaugurada em 1958, no período colonial, produz combustíveis em Angola, um dos maiores produtores de petróleo em África.

A refinaria no enclave de Cabinda, cujas obras tiveram início em 2017, terá a capacidade inicial de refinação de 30 mil barris de petróleo por dia. Uma segunda fase deverá acrescentar outro tanto.

Angola gastou 582 milhões de euros com a importação de combustíveis, no primeiro trimestre de 2025, tendo importado 73%, menos do que no último trimestre de 2024, segundo dados oficiais.

João Lourenço destacou que no primeiro trimestre deste ano, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 5,4%, com uma contribuição “assinalável do segmento da produção alimentar”, tendo o país produzido cerca de nove milhões de toneladas de alimentos nesse período, sublinhando que “este esforço deve ser feito em todos os setores da economia, sem exceção”.

O Presidente apelou aos trabalhadores para que sejam mais produtivos, trabalhem mais, gerem mais e melhores resultados, e abordou ainda a necessidade de superar as barreiras ao investimento privado, continuar a desburocratizar a atividade administrativa, desconcentrar mais tarefas para os órgãos da administração local do Estado e muni-los de mais recursos humanos e financeiros.

A aposta no conhecimento, agricultura e na indústria “são o caminho certo para gerar esperança e prosperidade para as famílias e aumentar as oportunidades de emprego, sobretudo para os jovens, mas também para a garantia da soberania alimentar do país, bem como para o equilíbrio da balança de pagamentos, referiu.

“É por isso que encaramos com bastante otimismo projetos como o Corredor do Lobito, que começa aqui na província de Benguela. Mais do que uma linha férrea, é uma grande mola impulsionadora e oportunidade de desenvolvimento das comunidades que se situam ao longo do Caminho-de-Ferro de Benguela”, disse o Presidente angolano.

O Corredor do Lobito, linha férrea que liga esta localidade da província de Benguela à Zâmbia, passando pelo sul da República Democrática do Congo, é, afirma o sucessor de José Eduardo dos Santos, “um ativo de importância estratégia de integração regional”, com um potencial que não se esgota nas fronteiras angolanas, pelo que deverá continuar a merecer a atenção do executivo angolano, apelando ao “engenho e perspicácia” do setor empresarial público e privado a impulsionar o desenvolvimento económico, com ênfase para os setores da agropecuária, indústria, mineração e turismo.

Aquando da visita oficial de Joe Biden a Angola, no final do ano passado, esta infraestrutura ferroviária foi um dos pontos enaltecidos pelo então Presidente norte-americano.

Agora, João Lourenço frisou, precisamente, o aumento do interesse estrangeiro por esta infraestrutura, realçando o recente anúncio da União Europeia da disponibilização de um pacote financeiro para o reforço do investimento nas áreas do comércio, formação profissional, transporte e património, enfatizando que a maior fatia desse financiamento será canalizada para o ensino técnico profissional.

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