eco.sapo.pt - 9 ago. 11:38
Trump e Putin reúnem-se na “América russa” no dia 15
Trump e Putin reúnem-se na “América russa” no dia 15
Putin vai pisar solo americano, apesar de ter um mandato internacional. Território vizinho da Sibéria vendido aos EUA no século XIX é reivindicado por nacionalistas russos.
Donald Trump e Vladimir Putin vão encontrar-se no próximo dia 15 no Alaska, anunciou o Presidente dos EUA, que assim abrirá a porta do seu país ao homólogo russo, sujeito desde 2023 a um mandato de detenção emitido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI). O mesmo TPI cujo presidente é, desde novembro último, alvo da justiça russa, que sobre ele emitiu um mandado de captura.
Do lado da Ucrânia, e perante a perspetiva de as negociações envolverem a cedência de território, Volodymyr Zelensky assegurou, entretanto, que tal não será admissível, ainda que o próprio Trump já tenha afirmado essa possibilidade.
Donald Trump escolheu as redes sociais para dar conta da reunião, já confirmada por um porta-voz russo. A proximidade territorial do Alaska à Rússia torna “bastante lógica” essa localização, referiu a mesma fonte.
Apesar de ter prometido durante a campanha eleitoral que a guerra na Ucrânia terminaria de imediato, o Presidente norte-americano apenas tem emitido avisos e, mais recentemente, um ultimato a Putin para que pare os ataques a território ucraniano, o qual teve o prazo expirado nesta sexta-feira. Dois dias antes da data limite, o enviado de Trump, Steve Witkoff, esteve reunido com Vladimir Putin, uma conversa de cerca de três horas que o Kremlin designou de “útil e construtiva”.
A escolha do Alaska, Estado que coloca os EUA a menos de 100 quilómetros de distância da Rússia, originou de imediato críticas acesas. Por um lado, para os nacionalistas russos, o Alaska deve regressar ao mapa russo, um pensamento que deriva da venda do território feita pela Rússia aos EUA há quase 160 anos, em 1867, por 7,2 milhões de dólares. À data, quando ainda era designado de América russa, a potência ocupante, Rússia, enfrentava os custos de uma guerra na Crimeia, região que, século e meio depois, se tornou símbolo do longo conflito de mais de uma década entre Rússia e Ucrânia. Recorde-se que foi em 2014 que a península no Mar Negro passou a fazer parte da Rússia, num referendo que a Ucrânia sempre contestou.
Do lado americano, muitos têm contestado a presença do Presidente russo em solo americano. O mandado de detenção emitido pelo TPI já levou à recusa, em 2023, de fazer parte de uma cimeira dos BRICS na África do Sul, país que é membro do TPI. Na altura, o país fez-se representar pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov.
“Putin, acredito, quer paz, Zelensky quer paz”, afirmou Trump aos jornalistas nesta sexta-feira. “São duas pessoas muito, muito inteligentes”. Relembrando que o território enfrenta uma guerra há três anos e meio, o Presidente americano afirmou que “vai haver alguma troca de territórios para o bem de ambos”.
Já neste sábado, Volodymyr Zelensky recusou a hipótese de recuar as suas fronteiras, dizendo que não pode violar a constituição do seu país. “Os ucranianos não vão oferecer a sua terra a ocupantes”, assegurou, numa comunicação no X.
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