observador.pt - 9 ago. 18:39
Líderes europeus rejeitam proposta de cedência de território ucraniano e defendem presença da Ucrânia na reunião entre Trump e Putin
Líderes europeus rejeitam proposta de cedência de território ucraniano e defendem presença da Ucrânia na reunião entre Trump e Putin
Líderes europeus defendem que o "futuro da Ucrânia não pode ser decidido sem os ucranianos", aludindo à reunião de dia 15, onde poderá ser discutida uma "troca de territórios" com a Rússia.
Vários líderes europeus, assim como o próprio Volodymyr Zelensky, têm-se mostrado contra a proposta da Rússia para um cessar-fogo que incluiria a cedência de território por parte da Ucrânia, respondendo à mesma com uma contraproposta, avança o Washington Post. Defendem ainda que a Ucrânia deve estar presente no encontro entre Donald Trump e Vladimir Putin marcado para a próxima sexta-feira, 15 de agosto, no Alasca.
Segundo o jornal norte-americano, que cita autoridades europeias familiarizadas com as negociações, o plano europeu rejeita o acordo entre os EUA e a Rússia, que pode incluir a anexação da Crimeia e do Donbass — de que fazem parte as províncias de Donetsk e Lugansk. Donetsk ainda não está totalmente controlada pelos russos, mas a Ucrânia teria de retirar as tropas da província.
A proposta inclui assim exigências para que seja estabelecido um cessar-fogo antes de serem tomadas quaisquer outras medidas. Também afirma que o território só pode ser trocado de forma recíproca, o que significa que, se a Ucrânia se retirar de algumas regiões, a Rússia deve retirar-se de outras, e estipula que qualquer concessão territorial por parte de Kiev deve ser salvaguardada por garantias de segurança, incluindo a potencial adesão da Ucrânia à NATO.
Este sábado de manhã, Volodymyr Zelensky veio reagir às notícias do encontro entre Donald Trump e Vladimir Putin, no Alasca, na próxima sexta-feira, e não poupou nas críticas à exclusão dos ucranianos de uma solução para o fim da guerra. Numa sequência de várias mensagens partilhadas na rede social X, Volodymyr Zelensky garantiu que uma ausência da Ucrânia no encontro é uma decisão “contra a paz” e rejeitou ainda qualquer cedência territorial a Moscovo.
Ukraine is ready for real decisions that can bring peace. Any decisions that are against us, any decisions that are without Ukraine, are at the same time decisions against peace. They will not achieve anything. These are stillborn decisions. They are unworkable decisions. And we… pic.twitter.com/JFg0rIeLzP
— Volodymyr Zelenskyy / Володимир Зеленський (@ZelenskyyUa) August 9, 2025
���A Ucrânia está pronta para decisões reais que possam trazer a paz. Quaisquer decisões que sejam contra nós, quaisquer decisões que sejam sem a Ucrânia, são ao mesmo tempo decisões contra a paz. Elas não vão conseguir nada. São decisões mortas à nascença. São decisões impraticáveis. E todos nós precisamos de uma paz real e genuína. Uma paz que as pessoas respeitem”, afirmou.
“A resposta à questão territorial ucraniana já está na Constituição da Ucrânia. Ninguém se desviará disso — e ninguém será capaz de o fazer. Os ucranianos não darão a sua terra ao ocupante”, acrescentou ainda o líder ucraniano.
Os líderes europeus vieram depois expressar mais uma vez o apoio à Ucrânia. No X, O Presidente francês, Emmanuel Macron, defendeu, após um telefonema com o homólogo da Ucrânia sobre “a situação diplomática” do país, que o conflito com a Rússia não pode ser decidido sem os ucranianos, aludindo à cimeira dos líderes norte-americano e russo.
I have just spoken again with President Zelensky, as well as with Chancellor Merz and Prime Minister Starmer.
We remain determined to support Ukraine, working in a spirit of unity and building on the work undertaken within the framework of the Coalition…
— Emmanuel Macron (@EmmanuelMacron) August 9, 2025
“O futuro da Ucrânia não pode ser decidido sem os ucranianos, que lutam pela sua liberdade e segurança há três anos. Os europeus também são necessariamente parte da solução, porque a sua segurança depende disso”, afirmou na rede social X o Presidente francês, que também manteve contactos os chefes de Governo da Alemanha, Friedrich Merz, e do Reino Unido, Keir Starmer.
Na mesma linha, o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, reiterou o apoio de Espanha à Ucrânia perante a reunião de Trump e Putin, defendendo “nada de Ucrânia sem a Ucrânia”.
I just talked to @ZelenskyyUa to discuss about the latest developments on the ground. I expressed once again my full support to him.
We must reach a just and lasting peace that respects Ukraine's independence and sovereignty.
Nothing about Ukraine without Ukraine. We must…
— Pedro Sánchez (@sanchezcastejon) August 9, 2025
Este sábado, Volodymyr Zelensky desdobrou-se ainda em contactos com a Dinamarca (Mette Fredriksen) e Estónia (Kristen Michal), além do Presidente da Finlândia (Alexander Stubb).
Em resposta, o representante especial de Vladimir Putin, Kirill Dmitriev, veio acusar “certos países de esforços titânicos” para atrapalhar a reunião de 15 de agosto, acusando-os de procurarem prolongar a guerra.
“Sem dúvida, vários países interessados em continuar o conflito farão esforços titânicos para atrapalhar a reunião planeada entre o presidente Putin e o presidente Trump”, disse, citado na Reuters. Não especificou a quais países se referia nem que tipo de “provocações” que poderiam realizar.