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Chip da Huawei atrasa novo modelo de inteligência artificial chinês

Chip da Huawei atrasa novo modelo de inteligência artificial chinês

A tecnológica chinesa DeepSeek viu-se forçada a adiar o lançamento do seu novo modelo de IA após dificuldades técnicas insuperáveis no treino do modelo com processadores da Huawei.

A ambição da China de alcançar a soberania tecnológica no campo da inteligência artificial (IA) sofreu um contratempo. A DeepSeek, uma das mais promissoras de IA no país, foi obrigada a adiar o lançamento do seu modelo R2, previsto para Maio, devido a problemas técnicos persistentes durante a fase de treino com os processadores Ascend, fabricados pela Huawei. Segundo fontes familiarizadas com o processo, a utilização do chip nacional foi uma recomendação directa das autoridades chinesas, que procuram activamente diminuir a dependência de tecnologia norte-americana.

Perante o insucesso, e para não comprometer o desenvolvimento do projecto, a DeepSeek terá recorrido aos processadores da gigante norte-americana Nvidia para a exigente fase de treino — o processo em que o modelo aprende a partir de vastos conjuntos de dados. Para a fase de inferência, que corresponde à aplicação prática do modelo já treinado para gerar respostas e previsões, a empresa continua a trabalhar para garantir a compatibilidade com o hardware da Huawei.

Este episódio ilustra as dificuldades que as empresas chinesas ainda enfrentam para igualar o desempenho e a estabilidade do ecossistema da Nvidia. Fontes da indústria apontam que, em comparação com as soluções da Nvidia, os chips chineses apresentam uma menor velocidade de conectividade entre si e um software de suporte menos maduro.

A situação da DeepSeek é particularmente reveladora, uma vez que, segundo duas fontes próximas, a Huawei chegou a destacar uma equipa de engenheiros para as instalações da startup com o objectivo de auxiliar na integração dos seus processadores, um esforço que se revelou insuficiente para superar os obstáculos no treino do modelo R2.

Forte pressão de Pequim

Recentemente, o Financial Times noticiou que as autoridades estão a exigir que as empresas de tecnologia justifiquem as suas encomendas de chips da Nvidia, numa clara manobra para promover as alternativas domésticas da Huawei e da Cambricon.

Enquanto a DeepSeek lida com os atrasos — que, segundo uma fonte, também foram agravados por demoras na etiquetagem de dados —, rivais como a Alibaba ganham terreno com os seus próprios modelos, como o Qwen3. Ritwik Gupta, um investigador de IA da Universidade da Califórnia, em Berkeley, que monitoriza o ecossistema da Huawei, classifica a situação como "dores de crescimento". "O facto de não estarmos a ver hoje modelos de ponta treinados em Huawei não significa que não venha a acontecer no futuro. É uma questão de tempo", afirmou o especialista, notando que a Huawei acabará por se adaptar.

Internamente, o fundador da DeepSeek, Liang Wenfeng, terá manifestado insatisfação com o progresso do R2, impelindo a equipa a dedicar mais tempo para construir um modelo que mantenha a empresa na vanguarda da inovação em IA. O lançamento do modelo R2 é agora esperado para as próximas semanas.

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