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Putin sugere que Rússia e EUA podem chegar a acordo sobre controlo de armas nucleares

Putin sugere que Rússia e EUA podem chegar a acordo sobre controlo de armas nucleares

Presidente russo diz que quer abordar com o seu homólogo norte-americano, na cimeira do Alasca, a questão do armamento nuclear estratégico, cujo último tratado ainda em vigor expira em 2026.

O Presidente russo, Vladimir Putin, afirmou esta quinta-feira que Moscovo e Washington poderão chegar a um acordo sobre armas nucleares, no âmbito de um esforço mais amplo para reforçar a paz. Putin falava perante os seus principais ministros e responsáveis de segurança, na véspera da cimeira no Alasca com o Presidente norte-americano, Donald Trump, onde espera juntar o assunto à agenda de um encontro destinado, essencialmente, à guerra na Ucrânia.

Em declarações transmitidas pela televisão, o chefe de Estado russo afirmou que os EUA “estão a fazer, na minha opinião, esforços bastante enérgicos e sinceros para parar as hostilidades, travar a crise e alcançar acordos que sejam do interesse de todas as partes envolvidas neste conflito”.

Segundo Putin, o objectivo é “criar condições de longo prazo para a paz entre os nossos países, na Europa e no mundo como um todo — se, nas próximas fases, chegarmos a entendimentos na área do controlo das armas estratégicas ofensivas”.

As palavras do líder russo indicam que Moscovo irá colocar o controlo de armamento nuclear em cima da mesa, como parte de uma discussão alargada sobre segurança, quando se sentar esta sexta-feira com Trump em Anchorage, na primeira cimeira Rússia–EUA desde Junho de 2021.

A Rússia e os Estados Unidos detêm, de longe, os maiores arsenais nucleares do planeta. O último tratado ainda em vigor entre ambos, que limita o número destas armas, expira a 5 de Fevereiro do próximo ano.

Num sinal das tensões nucleares actuais, Trump ordenou este mês a deslocação de dois submarinos nucleares norte-americanos para mais perto da Rússia, em resposta ao que considerou serem declarações ameaçadoras do ex-Presidente russo Dmitri Medvedev sobre a possibilidade de guerra entre as duas potências. O Kremlin minimizou a manobra norte-americana, mas avisou que “todos devem ser muito, muito cuidadosos” com a retórica nuclear.

No entanto, desde o início da guerra, Putin não se coibiu de fazer ameaças veladas sobre o uso de mísseis nucleares e alertou que entrar em confronto directo com a Rússia poderia levar à Terceira Guerra Mundial. Isso incluiu declarações verbais, jogos de guerra e a redução do limiar da Rússia para o uso de armas nucleares.

O facto de a Rússia ter mais armas nucleares do que qualquer outro país dá-lhe uma posição neste domínio que excede em muito o seu poder militar ou económico convencional, permitindo a Putin enfrentar Trump como um igual no cenário mundial quando se trata de segurança.

O que diz o actual tratado

Assinado em 2010 pelo então Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e pelo seu homólogo russo, Dmitri Medvedev, o tratado New START impõe um tecto ao número de ogivas nucleares estratégicas que Washington e Moscovo podem manter operacionais.

O acordo estabelece um limite máximo de 1550 ogivas e de 700 mísseis e bombardeiros de longo alcance para cada país. Estas armas estratégicas são concebidas para atingir os centros militares, económicos e políticos do adversário.

O tratado entrou em vigor em 2011 e foi prorrogado por mais cinco anos em 2021, já sob a presidência de Joe Biden. Em 2023, Vladimir Putin suspendeu a participação da Rússia, embora Moscovo tenha afirmado que continuaria a respeitar os limites de ogivas previstos.

Com a data de expiração marcada para 5 de Fevereiro, analistas de segurança alertam que, caso não seja renovado ou substituído, ambos os países poderão ultrapassar rapidamente os limites estabelecidos.

Separadamente, uma corrida às armas paira sobre mísseis de curto e médio alcance, que também podem transportar ogivas nucleares.

Durante o seu primeiro mandato, Trump retirou os EUA em 2019 de um tratado que abolira todas as armas terrestres dessa categoria, alegando que a Rússia estava a violar o acordo. Moscovo negou as acusações.

Os Estados Unidos planeiam começar a implantar armas, incluindo mísseis SM-6 e Tomahawk, anteriormente colocados principalmente em navios, bem como novos mísseis hipersónicos, na Alemanha a partir de 2026. Em resposta, a Rússia disse, este mês, que não vê neste momento qualquer restrição à implantação de mísseis de alcance intermédio.

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